Inegavelmente o homem tem perdido o seu brilho. A sua inteligência, a sua racionalidade e os seus poderes parecem mitigar-se, diluir-se, entre turbilhões de inquietações, duvidas, medos, incertezas que o parecem levar inexoravelmente a uma perdição sem qualquer honra nem glória, num vazio, oco, sem luz que cada vez mais se afigura real. Cada vez se aproxima mais da irracionalidade e como foi o ser escolhido - onde é crível residir o divino e o livre arbítrio, isto é, a capacidade soberana e esclarecida de decidir e escolher entre o que é melhor e o que o pode destruir - dele, se esperava um crescimento e uma elevação que o tornasse construtor de um mundo cada dia mais perfeito, mais próspero e mais feliz.
Ao invés do que poderia determinar o simples bom senso e a razão, faz demasiado tempo as escolhas daqueles que as decidiram junto dos que as apadrinharam e aceitaram sem um protesto e muitas vezes com aplausos, foram se revelando catastróficas.
A terra está à beira de uma tragédia de dimensões que nem os homens da ciência conseguem determinar com exatidão. A vida mais do que matéria para se pensar como deve ser vivida, parece exigir que se pense como se pode manter e por quanto tempo mais.
Excluindo um punhado insignificante de países onde existem sistemas equilibrados de vida em sociedade e os problemas sociais, pessoais e ambientais são analisados e estudados tendo em conta o interesse geral e o futuro, e onde o bem estar geral e a prosperidade andam de mãos dadas com a cultura, o progresso e a felicidade, todo o que resta, o mundo tal e qual o conhecemos, assenta em aparências que alienam a vida, alimentam desigualdades e conflitos, levam a confrontos entre interesses de grandes companhias internacionais e a paz em muitos cantos do mundo, a harmonia entre nações, a sã convivência e a união e solidariedade entre povos, criando no homem uma desorientação e um aviltamento cujos reflexos se percebem nos problemas cada vez mais complexos deste nosso mundo.
A paz no mundo e a felicidade dos homens é ameaçada por políticos, cada vez menos competentes e com menor peso no teatro de aberrações que é cada dia estejamos onde quer que seja, dominada por uma percentagem ínfima de pessoas que têm na sua posse a riqueza de mais de noventa por cento dos habitantes do planeta, e das multinacionais destrutivas que vão do armamento, ao tráfico de seres humanos, de drogas, da indústria farmacêutica e dos novos e eficazes métodos de escravatura moderna. Produz-se contra o homem e não a favor dele, para o bem de poucos. A alimentação está impregnada de químicos e produtos nocivos à saúde humana. Os campos estão infestados de toxicidade e as águas, incluindo as dos mares, rios e oceanos estão inquinadas de lixo e detritos nocivos em quantidades assassinas.
Os direitos e garantias que todas as constituições salvaguardam e todos os manuais de direito ensinam perderam sentido, ou são ineficazes, ou são aparências, ou contrariando aquela máxima que tanta salvaguarda parecia dar aos cidadãos, da segurança e estabilidade dos direitos adquiridos, caem por terra, paulatinamente, na proporção inversa às famigeradas e inconsistentes justificações sustentadas num mundo global, no livre mercado, na concorrência, na produtividade e na competitividade.
As guerras continuam globais é verdade. As crianças a morrer de fome continua a ser uma vergonha que não combina com países onde os excessos alimentares e a abundância indiscriminada leva a problemas de obesidade e saúde graves nas populações. Não se entende como países que falam em paz e muitas vezes pululam vaidosos em busca de publicitados e embandeirados acordos de paz, na sombra do folclore mediático incentivem e prosperem com a indústria do armamento que mantêm as guerras que se propõem terminar. Nem se pode conceber que prémios Nobel da medicina venham acusar a indústria farmacêutica que não tem qualquer interesse em curar as doenças mais mortíferas do nosso tempo, mas tudo façam para as manter crónicas como garante de muitos e bons negócios por longo tempo.
As democracias já não respondem aos problemas do nosso tempo. Os políticos devem dar o lugar a pessoas de ciência e do conhecimento, de modo a trocar as mentiras, as incompetências, as promessas e os êxitos que nunca se concretizam, por ações concertadas de gente apetrechada de meios técnicos e científicos, gente que pensa, que estuda, que tem conhecimento, e que está habituada a trabalhar em conjunto na resolução efetiva dos problemas que existem por todo o lado.
As religiões e os milhões de sacerdotes e dirigentes espirituais que vivem da venda do absurdo e nada sabem fazer nem produzir, melhor fariam em abandonar práticas ancestrais de troca de dinheiro por vidas boas num lugar que nem eles próprios conhecem, junto de deuses que nunca viram. As Igrejas cada vez mais se aproximam de agências de férias vitalícias, levando o que podem aos homens em vida, para dar ordenado a muitos que nada sabem construir, vendendo gato por lebre, e prometendo oásis em plenos desertos de areias.
Tudo está contra o homem. Como vai longe o Renascimento. O homem pouco vale, pouco pensa, nada manda, é escravo, alienado, empilhado, e vive no medo e sem quaisquer certezas no futuro. Que cada vez é mais ameaçador, pese o discurso costumeiro dos políticos que sempre reconhecem em causa própria, que se faz sempre o que é possível, com os meios disponíveis, que são sempre escassos, e acabam medalhados normalmente pelos resultados medíocres que os estudos acabam por revelar, e em muitos casos são insindicáveis, como se, - seres especiais - tivessem, em nome do povo, livre trânsito para desgovernos, crimes, incompetências, favorecimentos e corrupções.
Mas o homem ainda não caiu. E pode nem cair. A guerra que contra ele é feita faz séculos, premeditada e com o intuito de o transformar em meio, no seio de uma brutal escaramuça de interesses de gente desconhecida, que governam governos, bancos e multinacionais, em escravo, em pagador, em submisso servidor de inconfessáveis interesses, só terminará quando as estrelas no céu deixarem de brilhar.
O homem é feito de pó das estrelas. E as estrelas que vemos brilhar representam exatamente todos aqueles que seres que portadores de Luz, têm dentro de si a capacidade de mudar o mundo. A escuridão nunca foi capaz de amordaçar o brilho das estrelas do mesmo modo que todos os canalhas com responsabilidades no mundo em que vivemos, não terão eternamente a capacidade de resistir a quem tem luz própria. O homem tem que mergulhar no seu interior e juntar a outros homens a chama de amor, liberdade, justiça e paz que arde dentro de si, e é exatamente o divino que cada um de nós existe, e dar ao mundo a claridade necessária para que o homem volte a ser o centro da terra e do mundo.
Enquanto as estrelas brilharem, pensar um mundo novo não é utopia, nem sonho, muito menos delírio, é simplesmte justiça.
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