domingo, 8 de julho de 2018

A DEMOCRACIA MODERNA EVOLUIU FACE À DEMOCRACIA GREGA DE HÁ 2400 ANOS?



















Na democracia grega encontrávamo-nos no mundo da palavra. Os dirigentes eram obrigados a manter relações directas e regulares com os governados. 

Hoje de um modo subtil faz-se pensar, como verdade incontestável, e muitas vezes única, que os partidos políticos são essenciais à democracia, e a sua base de sustentação natural.

Numa visão redutora leva-se o povo a aceitar que pertence aos líderes dos partidos, que são os eleitos  de grupos organizados e com paradigmas "à la carte" e por um número de pessoas muitas vezes sem qualquer expressão numérica frente ao número de eleitores - que ao assumir representar legitimamente todo povo (e não os que os elegeram nem os seus interesses), - os escolhidos, deste modo, para tudo decidir. 

E essa legimidade na representação da maioria da população, reclama-se mesmo se para chegar ao exercício do poder se utilizar artificios ou aparências, ou mesmo mentir ao eleitorado - afigurando-se gente irresponsável - e, muitas vezes acabam mesmo por em matérias de forte fratura social ou de matéria de consciência, não abrirem mão de uma legitimidade mais que duvidosa para legislar em matérias, muitas vezes, que não foram sequer assumidas ou debatidas anteriormente.

Na democracia representativa foge-se, como o diabo da cruz, do referendo. O maior auditório e o que daria maior legitimidade às decisões fracturantes ou de importancia maior para a boa convivência geral, são afastadas de debate, de esclarecimentos, e da procura de uma participação verdadeiramente cívica mais alargada.

Os políticos cuidam de tudo como se fossem donos da verdade. Acham-se autorizados a mudar tudo e a opinião dos eleitores que dizem defender fica reduzida aos atos eleitorais onde tudo vale, menos tirar olhos para enganar o eleitorado.

Em bom rigor, estes governos, estes parlamentos não representam povo algum. Estes partidos e os seus líderes, depois de conquistar o poder, tornam-se tudo o que é possível imaginar. E fazem o que querem, mal ou bem, - são irresponsáveis, isto é não respondem pelas suas brilhantes ou péssimas governações - conforme querem.

Na democracia grega, sobretudo em Atenas, estamos perante uma democracia directa e plebiscitária que tem o seu órgão principal na Assembleia que reúne todos os cidadãos - isto é um agrupamento de massas com composição incerta. 

O dêmos, além de possuir a elegibilidade para ocupar os cargos e o direito de escolher os magistrados, podia decidir soberanamente em todos os domínios e, constituído em tribunal, julgar toda e qualquer causa - civil ou política, democracia ateniense, limitador do quantitativo de cidadãos. 

A democracia ateniense alarga o número dos que detinham plenos direitos para exercer a cidadania ao retirar essa prerrogativa à exclusividade dos aristocratas

A verdadeira essência da democracia grage, em particular a de Atenas baseava-se numa ampla politeia, que é o maior espaço possível de intervenção políca, e se abre a uma quantidade cada vez maior de cidadãos com capacidade do exercício de cidadania. 

O cidadão gozava de direitos que são absolutamente impensáveis na atualidade.











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