quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

JUSTIFICAM-SE MEDOS NA SOCIEDADE PORTUGUESA? INVESTIGUE-SE!


"O mais impressionante é como tanta gente se acovarda hoje"




António Barreto, em entrevista ao DN diz que o 25 de Novembro é uma data fundamental para a democracia e critica os partidos por a silenciarem.

"Na recordação do 25 de Novembro, que há de mais impressionante é o modo como tanta gente se acovarda hoje. Até o Parlamento e os grupos parlamentares recusaram recordar formalmente esta data, porque entenderam que a data "dividia" os Portugueses! Ora, a data é imprescindível para a democracia. Tanto quanto o 25 de Abril.

(...)

Há sinais claros de moderação dos vencedores do 25 de Novembro. Felizmente! É um caso raro um contragolpe, mesmo apoiando-se em resultados eleitorais, não ser violento, não prender milhares de pessoas, não executar ninguém, não desempregar milhares de pessoas, não estabelecer a Censura, não prolongar por semanas ou meses o estado de emergência, não adiar indefinidamente as eleições previstas, não proibir reuniões públicas nem manifestações, não interditar partidos políticos, não dissolver sindicatos... A maior parte das "conquistas do 11 de Março", que foram ilegítimas, ilegais, forçadas e por vezes violentas, só acabou por ser "aniquilada" (para usar o seu termo) nos anos seguintes, em democracia, com as leis do Parlamento, os Governos e os Presidentes eleitos. A "moderação" do 25 de Novembro é uma das suas maiores virtudes."




Se eu não fosse o cidadão Pedro Manuel Ruivo Alcobia da Cruz, um homem simples, sem credenciais académicas, uma pessoa no meio de tantas outras, igual às demais, com certeza falaria livremente e em voz alta, não me limitando a estudos interessantes e coisa para intelectuais, mas utilizaria um nome, um diploma, um conhecimento, para ir ao fundo das situações que estamos a viver neste pobre país.

Hoje as pessoas em Portugal vivem acovardadas. Não é o 25 de Novembro, nem o 25 de Abril, nem a revolta da Maria da Fonte, é o Portugal de hoje, a sua convivência, a credibilidade das suas instituições, a confiança na classe política, a dúvida nos tribunais, a clara violação naquilo que só um tonto pode denominar de democracia representativa, no tudo vale, desde o embuste à mentira para assaltar o poder, e a seguir não ter nem honra nem dignidade alguma e em nome dos incautos que os lá colocaram, fazer exactamente o contrário. Tudo o que deveria servir de exemplo é um lixo. E no meio de tanta sujeira, de tanta hipocrisia, de tanta farsa, logicamente que o cidadão normal que caia nas teias da Administração Pública, ou das Empresas dirigidas por amigos, afilhados e incompetentes, está metido num sarilho bem grande.

Qualquer badameco que se encontre à frente de uma Entidade Pública faz o que lhe dá na real gana, sustenta canalhices, esconde desmandos, não segue a lei, viola os princípios, prejudica quem quer e como quer, e o faz com a alegria dos meninos que jogam à bola, não existe árbitro de verdade, não há cartões vermelhos nem amarelos, é a impunidade total.

É preciso ser-se louco para se meter com essa canalha, ou então trata-se de um qualquer super homem que se lhe salta a tampa vai ter o nome escrito nos jornais. Apontam-lhe o dedo. Chamam-lhe nomes. Mas ele mais nada fez que limpar, desinfectar, arejar, tornar para outros o ar mais respirável. Os radicalismos nunca são salutares, mas no estado desgraçado em que se encontra o país, podem tornar-se a única via de enxotar as moscas, e levar o lixo para outras bandas.

Infelizmente este país está completamente à deriva. Perdeu tudo... não tem palavra, honra, moral, ética, dignidade, carácter, é o que não devia ser, e vai continuar assim por muito tempo. A mediocridade e a falta de elegância tomaram conta de tudo. A incompetência é premiada e os que fazem e cumprem são colocados de lado. Fazem-se leis e mais leis, criam-se metas, objectivos, missões, classificam-se funcionários, gasta milhões a perder tempo, agora nem há tempo para trabalhar, leva-se o tempo a fazer e encomendar estudos, que depois, na prática, não valem cinco réis furados. Mas as baratas que mandam não são classificadas, essas têm um beneplácito de comando, podem não saber fazer, mas podem mandar fazer aos outros, podem não perceber nada de um assunto mas podem ir chefiar os especialistas nele, podem não ter um lugar à altura que não tem problema algum, cria-se uma função ou cargo novo, é preciso é estar e levar a vida aproveitando os ventos. Esses não lhes aflige o mau cheiro, já cheiram mal, não lhes aflige a asneira, é sempre de outros, não precisa trabalhar tem mandaretes para escravizar.

Paulatinamente os partidos políticos assenhorearam-se da vida pública nacional. Perseguem um único fim, a conquista do poder. E para isso utilizam todos os expedientes. Os melhores, sérios, prestigiados fogem da política como o diabo foge da cruz. E logo saltam os nosso políticos de trazer por casa em lamentos que são mal pagos, e por isso levantando expressivamente o que cada um leva, se seduziriam melhores cidadãos para a missão de servir o povo. É o canto da sereia. Os melhores, os sérios e os prestigiados não vão para a política por compra e venda, para isso já lá há que chegue, não, os melhores poderão ingressar na vida política se ela se pautar como uma actividade nobre, com espírito de missão, de servir os portugueses e a causa pública, e quando não existam naquele meio os habituais expedientes do engano, da ilusão e da mentira. 

Os portugueses perderam a confiança nessa gente que por detrás de meia dúzia de partidos são responsáveis - sempre condecorados - por terem feito péssimas governações, por terem políticas ruinosas que conduziram o país à desgraça conhecida, por ter ao leme gente que apenas fala, e volta a falar, mas em boa verdade, até seria melhor que nada tivessem feito.

Hoje ser deputado, ou ser Presidente de um Instituto nada quer dizer. Não garante nada. Só o título, a pompa para as pequenas vaidades tão portuguesas, e um poder na mão, mesmo escasso, que logo torna a pequenez  sôfrega num inimaginável sem número de desenvergonhadas e inchadas, petulantes, máquinas de prepotência, arrogância, ignorância, e foras da lei. 

Ao cidadão que pode ser roubado mas não pode gritar "ladrão" - se arriscando a ser condenado por falta de respeito a quem o privou do seu - a minha conturbada experiência, e divertida, com estas entidades públicas tão ridículas, tão sem brio, tão fraquinhas, arriscaria a dizer: deixe-se roubar, dê o outro bolso, não faça ondas. Ou corre riscos que apenas recomendo como bom exercício para loucos ou suicidas. 

"O mais impressionante é como tanta gente se acovarda hoje"

Se pensarmos bem o que faz falta não é ler um ser inteligente discursando sobre história, sobre influências, sobre como aconteceu, o que foi, no que deu, não o que faz falta é que se vá ao fundo e se procure saber porque as pessoas estão desinteressadas, desmoralizadas, abatidas, sem esperança, sem confiança, com medo, e porque os poderes existentes naquilo que deveria ser inequivocamente um estado de direito, não estão interessados em conhecer o que está por detrás, o que afasta as pessoas, o que abala as instituições e afecta o bom nome que os mais altos dignitários deveriam ter.

O primeiro ministro devido ao escândalo com as falsas licenciaturas e daqueles que as inventam, que já é assunto com barbas e dá para os portugueses terem uma ideia muito próxima da verdade e em bom rigor, da qualidade do ensino, de cursos que se compram, de exames que se fazem aos domingos, de como tanto político aproveita a boleia de ir para a Assembleia e regressa à sua terra feito doutor ou engenheiro, lá mandou investigar a rapaziada. E apanharam mais alguns com o pé em ramo verde. Consequências? Crimes? Fraudes? Honestamente não sei, mas em Portugal dá para admitir tudo. 

Para terminar diria, isso que o Senhor Primeiro Ministro se deu ao trabalho de mandar fazer de averiguações na área governamental foi um acto que nem parece de alguém nado e criado em Portugal. Tem para mim o direito a um atributo; EXCELÊNCIA. Quando esse exercício de precisão e controle for levado em seguida por cada ministério fora, até à mais pequena entidade pública, vai parecer o fim do mundo, nem mesmo eu, vou tentar levar a minha imaginação ao que seria descoberto. Creio apenas, que com o trabalho findo teríamos um Portugal onde valeria a pena viver.

Acovarda-se quem não tem força, ou tem medo de meter as mãos em tanto lixo.

Sem comentários:

Enviar um comentário