sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

VEM AI O NATAL. ESTAMOS EM PAZ E AMOR ATÉ 2017.


 SAIBAMOS DESFRUTAR DAS 
 FESTAS NATALÍCIAS E FAMILIARES 
 QUE SE APROXIMAM 
 E NOS DESPEDIR DO ANO QUE VAI FINDAR 
  E ENTRAR COM ALEGRIA, ESPERANÇA, CONFIANÇA 
 NUM ANO NOVO QUE NOS TRAGA 
 UM FUTURO MAIS PRÓSPERO E MAIS FELIZ 




De um modo geral sinto uma tristeza que me vai invadindo cada vez mais até ao Dia de Natal. Como se ouve muitas vezes Natal deveria ser todos os dias. Mas enfim, tecnicamente falando só existe o dia 25 de Dezembro num dia do ano e a ele pertence a noite de mais amor, de mais aproximação familiar, de fantasia e magia para a pequenada. Uns celebram esta data na convicção da fé, e a preceito vão à Missa do Galo, e depois chegam ao conforto do lar e festejam com alegria o nascimento de Jesus, e a esperança que trouxe aos homens e ao mundo. Outros, sem a crença, aproveitam o espírito que é de paz e amor e se juntam na tradicional consoada, confraternizam, trocam prendas, e matam saudades.

É verdade que este espírito e a união da família tem muito de sentimento, parece que o mundo pára por um dia em bons desejos, muitas alegrias, risos das crianças, e depois come-se e bebe-se bem, a casa está quente e confortável, todos estão bem.

Eu, já todos perceberam que sou um militante do contra, também sinto esta época natalícia, desde que vejo os primeiros enfeites de Natal e os lindíssimos reclames e lojas decoradas com temas alusivos à época, entra por mim, e instala-se em mim um espírito inquieto, perturbado, entristecido, e foco a profundidade na mensagem que Cristo veio nos trazer, no mundo tal qual ele se transformou.

Cristo seja visto como Deus, como um filósofo, ou um simples agitador revolucionário trouxe a mais importante mensagem que alguma vez alguém deixou aos homens. Falou-lhes no amor, no amor ao próximo, na fé, que aos pecados cometidos se existir arrependimento existirá perdão, concluindo assim, que existindo amor e fé o ser humano não morrerá jamais e continuará a verdadeira existência para além da morte terrena, a vida eterna no reino de Deus.

A sua mensagem ainda hoje, com cerca de dois mil anos, influencia na prática a vida e a civilização cultural de grande parte do mundo. 

Quando Cristo falava em amor, não lhe colocava quaisquer limites, e um amor ilimitado teria feito deste mundo um mundo muito melhor, sem violências, nem ódios, nem guerras, nem tiranias. E o homem teria uma existência tranquila, sem medos, serenamente convivendo com os seus semelhantes, sendo deste modo, potencialmente mais saudável e mais feliz.

A terra não teria sido alvo de tanta destruição como a voragem humana tem provocado em troca de efémeros interesses de uns poucos, na fútil ganância de ser grande e poderoso. O nosso habitat está gravemente doente. O espaço reconhecidamente maravilhoso que Deus deixou ao homem para nele ele buscar a sua felicidade está virado do avesso, sem que seja possível aos homens de ciência fazer rigorosos prognósticos do que será o futuro dos nossos netos, e se por essa altura a vida e o mundo são possíveis.

Amor. Esta é a palavra chave do Natal. Tempo de paz. Ouvem-se canções lindíssimas, as cidades se vestem de luzes coloridas, se enfeitam ruas, e árvores e espaços públicos, e desde a loja mais pequena ao grande centro comercial tudo é decoração que nos delicia e faz sonhar.

Parece que de repente o amor chegou e implantou-se firmemente por uns dias sendo ele o centro do universo. Parece, mas não é assim. Enquanto continuarem homens e mulheres a viver e dormir na rua e a comer da caridade alheia não há verdadeiramente Natal. Nem amor. Enquanto houver gente esquecida, sejam idosos, sejam doentes, sejam discriminados, abandonados, ou pessoas que são vítimas de violência, das crises intermináveis, gente que perdeu as suas economias por desleixo e falta de competência e escrúpulos de outros, gente com fome de justiça, não é possível pensar no Natal nem imaginar que por obra e graça do espírito santo apareceu por uns dias um amor maravilhoso que nos vai fazer sentir bem com a nossa consciência, e apagar o mal do mundo.

Infelizmente já passei o Natal do outro lado da barricada. Só, sem nada, infeliz, enganado, triste, me sentindo miserável com menos de 30 anos. Percebi o quanto pode doer ouvir uma música natalícia, o quanto pode custar pensar no bolo rei, ou algo mais e não ter de comer, percebi que muitos passam por uma noite de agonia em vez de conhecerem uma noite de amor. E sem festa, sem ninguém, se vão deitar, tentando afogar as tristezas que naquela noite crescem e mais pesam, num sono que teima em chegar, na tranquilidade de um esquecimento que não é possível conhecer.

Por isso, cada vez que se aproxima o Natal começa uma pontinha de sofrimento, uma dor que está bem funda, uma tristeza que nunca saiu do coração e teima em voltar por esta época todos os anos.

Não sei, este ano, como vai ser o meu Natal. Pode ser de qualquer jeito, pois as atribulações fazem o ser mais rijo, e menos piegas, e com qualquer coisita se passa a noite, se pensa em amor na calada da noite no calor da cama e, afinal, nada vai acontecer e no dia seguinte ao acordar é Dia de Natal.

Nesse dia tenho pena se ficar só, não por mim, mas por todos os que ficam numa solidão que quer queiramos ou não sempre pesa alguma coisa, por mais que se esteja habituado. Sempre tive um sonho, faz muitos anos, de juntar todos esses que não têm ninguém, dos mal amados, dos esquecidos, dos ignorados, dos idosos e dos doentes e fazermos uma festa de iguais. Uma festa de amor, de ternura, de humanidade, de dignidade, de dar a cada um o que é seu, o direito a sentir-se pessoa e a ter momentos de felicidade.

O Natal como o conhecemos é uma miragem. Em troca de amor, que se deveria traduzir em paz e liberdade, em respeito por cada ser humano e carinho pelos mais fracos e mais débeis, pululam manifestações de cores e luzes por todo o mundo, vestem-se engalanadas as cidades, as casas, e até as pessoas parecem melhores, enquanto em algum lugar crianças continuam a morrer com fome, mulheres continuam a ser vítimas de violência, pessoas são exploradas num trabalho mais que escravo, nalguns países continuam detidos e afastados das suas famílias presos por terem opiniões diferentes, e continuam a mover-se em risco de morte milhares de refugiados em busca de um lugar onde possam viver sem medo.

O Natal toca-me fundo. Percebo que não sou imune e que tenho amor que tantas vezes gostaria ter a quem dar e seguramente também me sentiria bem em receber. Mas o meu Natal pode ser tudo aquilo que vier a ser que será sempre mais amor, será sempre mais desejo que os homens encontrem o caminho certo. Com o espírito de Natal prolongado o ano fora como o mundo não seria mais bonito e não haveria mais gente feliz. E a paz, que começaria tocando um a um, passaria as fronteiras, os continentes e o milagre do Natal, o amor de Cristo, transformariam o mundo.

Esse é o meu Natal. A ilusão de um homem renovado e um mundo melhor. Com amor.




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