quinta-feira, 9 de abril de 2020

COVID-19: PODEMOS CONFIAR NOS DADOS DA PANDEMIA DADOS PELA DGS?






Tenho para mim que os dados que a DGS, Direcção Geral da Saúde, faculta no seu mapa relacionado com a coronavírus têm muita falta de rigor.

Pode tratar-se de problemas de recolha de dados ou, admito, pode ser uma forma bem simples de manter a população portuguesa confiante nos serviços de saúde e no governo, não facultando, em bom rigor, nem o querendo fazer, a realidade no que respeita ao número de infectados e consequentemente de mortos.

Já no que respeita aos recuperados é de todo o interesse mostrar serviço e, com isso,  introduzir serenidade e confiança na população, que não falhe caso algum.

Normalmente diz-se que o governo não é pessoa de bem - os portugueses têm constantemente exemplos que o confirmam em cada dia - mas, no que respeita à saúde, sendo certo que convêm gerir com eficácia uma pandemia não esperada e sem que existissem os meios e a preparação para a receber, apesar de tanta publicidade feita em contrário, parece que algo não vai bem, ou não está tão transparente como seria desejável.



Os portugueses têm de confiar nos dados que a DGS lhes faculta em cada dia. E devem confiar no governo, e nas autoridades de saúde. E no superior interesse nacional que é tratar dos vivos condignamente em face desta brutal pandemia.

A falta de confiança é perigosa, alastra, e desacredita o sistema mesmo quando o mesmo faz tudo ao seu alcance para debelar situações críticas. Basta dar o jeito, basta falhar, basta não informar capazmente, e instala-se a dúvida.



Temos o direito de saber exatamente a verdade e só a verdade.

Como temos o direito de exigir mais, se há lares em que os utentes levam dias e dias à espera da realização de testes, e zonas do país em que fazer os mesmos é uma aventura.

Muito há, em devido tempo, a apurar sobre como esta pandemia foi cuidada em Portugal.

As notícias de excelência são amplamente conhecidas, propagandeadas dia após dias, várias vezes. 

Soubemos insistentemente desde a aproximação da epidemia que estávamos preparados e tinhamos os meios, que afinal, não existiam e nem a preparação alguma vez tivemos. Fala-se muito e acertava-se, infelizmente muito pouco.

Na senda do Bolsonaro no Brasil também aventámos que tudo isto não seria muito mais que uma gripe. E ora não havia motivos para medos, como em seguida se dizia que 40 a 70 por cento da população ia ser contaminada.

Ainda hoje se não realiza o rastreio de infectados, acção basilar para se conhecer e controlar a pandemia.

Em Portalegre, a capital de distrito menos habitada do país, com cerca de 15.000 habitantes, faz pelo menos dois dias se conhece a existência de pelo menos um caso de coronavírus. Caso seguro. Autêntico. Inquestionável.

Não consta no mapa actualizado diariamente de dados de coronavírus.



Olhando para este pequeno burgo onde toda a gente já tem uma certeza que a DGS não aponta, é legítimo questionar o que se não passará em tantas cidades muitas vezes maiores em população, ou lugares por aí dispersos num interior despovoado e esquecido.

Com muito mais facilidade nos grandes burgos onde o conhecimento rigoroso dos casos escapa ao domínio público, quantos vão escapar ao registo do mapa da Direcção Geral de Saúde?

Quantos casos nunca serão casos?

Poderemos confiar nas notícias que nos entram em casa todos os dias?








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