segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

COMO APROVEITAR NA SUA CIDADE O DESNORTE QUE INVADE A VIDA PÚBLICA?


ÚLTIMAS NOTÍCIAS: A Polícia Judiciária investiga na Câmara Municipal de Setúbal possíveis atropelos à contratação pública. Morão o conhecido autarca de Castelo Branco, depois de aposentado e com um lugar no Conselho Intermunicipal em exclusividade, foi contratado para controlar as obras na Câmara de Lisboa. Em Espinho a promiscuidade entre presidentes de câmara e empreiteiros leva a investigações e seis pessoas foram constituídas arguidos. Há alguns em prisão preventiva. 




O problema maior vai ser onde colocar toda essa gente que se aproveitou em benefício próprio no desempenho de cargos públicos, depois de conhecidas as penas e de apuradas, como deve ser feito a realidade nacional como um todo. Urge perceber, de uma vez por todas, as diversas formas como o poder tem privilegiado amigos, correligionários, familiares e os seus próprios membros no comando da coisa pública, procedendo a investigações gerais, estudando o que se tem passado, julgando quando há necessidade de confrontar comportamentos com a lei, e aplicando penas se a mesma lei as estabelece por desconformidade entre as práticas e a legalidade.


Tenho para mim que caso as entidades públicas fossem alvo de rigorosas investigações, por quem de direito, desde os institutos públicos, empresas públicas, instituições do poder local, regional e central, teríamos de sentir, enquanto portugueses, enquanto cidadãos da Europa e do mundo, uma vergonha profunda. Muitas ilegalidades seriam descobertas e as imoralidades não teriam fim. Vivemos num país permissivo a todo o tipo de "jeitinhos" com que se beneficiam irmãos, primos, filhos, sobrinhos, amigos e amantes. Um país onde às claras se procede imoralmente à contratação de assessores inexperientes pagos, pelo erário público, ao preço dos melhores quadros que pelo país laboram. Vejo adjudicações ardilosas feitas a quem se quer, concursos combinados, concursos abertos armadilhados, obras que ultrapassam os valores contratualmente celebrados sem quaisquer tipos de controle, histórias de luvas, de corruptores e corruptos. O país, verdadeiramente está a saque. Hoje dos socialistas e os seus muchachos, ontem dos laranjinhas e seus companheiros e amigos. Tudo tem sido um desbaratar. Democratizou-se a metralhada organizada na política. Os irmãos Metralha já não figuram apenas na banda desenhada.




 

Os males de uns são geralmente oportunidades para outros. Pegando nestes desabafos obviamente exagerados mas piedosos, ainda podemos pensar em tirar dividendos de toda esta alhada de gente desconforme com o direito e as boas práticas, desta gente que desconhece ou simplesmente rejeita a ética, foge do que é a moral, despreza os outros e ignora que a coisa pública devia ser uma missão de alto valor, um serviço aos portugueses a a Portugal.

Veria com bons olhos a construção de uma nova prisão - e bem grande - para dar acolhida a condizer a toda esta gente. Por um lado, facilitariam as decisões dos magistrados que conhecem da sobrelotação das prisões. Não indo estes gran finos ocupar os lugares dos criminosos de delito comum. Nem acredito que coabitassem harmoniosamente. Não estou a ver um ladrão de fome a conviver com um ladrão de casa de férias no Algarve, andar no parque das Nações, carros nas garagens e férias nas Maldivas. Um e outro iam sentir-se mal, creio. Na canalhice poderiam até estar muito próximos, mas tal não ia ocorrer na ideia que ambos continuam a ter de princípios. O que rouba para comer despreza o que rouba para esbanjar luxos e vaidades. E ao canalha que finta a lei e enriquece causa náusea o ladrãozinho descalço.

Uma cidade em queda, por exemplo Portalegre no Alto Alentejo, seria imensamente beneficiada com a colocação de uma prisão desta gente especial. Seria mais uma unidade da administração pública a sediar-se numa zona em que o desenvolvimento parou faz bastantes anos, seriam mais uns empregos e a criação de muitos postos de trabalho indiretos. E seria interessante ver-se visitada esta cidade do interior, abandonada, esquecida, por gente grada que visitariam, penso eu, os seus familiares e amigos, pela cidade degustariam iguarias regionais de boa qualidade e os bons vinhos da região. E depois, sempre seria notícia a passagem por uma ou outra rua de alguém que se via antes na televisão, nos jornais e nas revistas. Seria um acordar intenso numa cidade que parece mortiça. Venha a prisão, mas primeiro prendam quem não deve andar à solta.

 

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