segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

IMPERDOÁVEIS SÃO OS CRIMES PERPETUADOS POR GENTE QUE FALA EM NOME DE DEUS

COM A CRUZ NA MÃO DEMASIADOS HOMENS DA IGREJA COMETEM OS MAIORES SACRILÉGIOS. 

COMO ACREDITAR NA IGREJA? 

COMO ACREDITAR NESSES EXECRÁVEIS ABUTRES QUE VIVEM ESPEZINHANDO O AMOR QUE APREGOAM?

A PRÁTICA DESSA GENTALHA  PODE ASSEGURAR A EXISTÊNCIA DE DEUS?

A IGREJA CARREGA A RESPONSABILIDADE POR TER CAUSADO MAIS MORTES, MAIS SANGUE DERRAMADO, E MAIS VÍTIMAS ALGUMA VEZ VISTAS NA TERRA.

É IMPERDOÁVEL.






A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja revelou esta segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2023, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, os seguintes factos:

  • ocorreram abusos sexuais de crianças por membros da Igreja, ou entidades com ela ligadas
  • conhecimento e encobrimento pela hierarquia religiosa
  • 4.815 vítimas
  • foram considerados 512 testemunhos válidos
  • 77% dos agressores eram padres
  • 52% e 47% vítimas do sexo masculino e feminino respetivamente
  • a média de idade do início dos abusos foi de 11,2 anos
  • incidência de abusos foi maior em Lisboa, Porto, Braga, Santarém e Leiria
  • os abusos eram expressivos em seminários ou instituições religiosas
  • 25 casos foram enviados ao Ministério Público
  • A grande maioria de casos prescreveu



"33. Este Relatório termina com um conjunto de Notas Finais e Recomendações. Quanto a notas finais, vale a pena referir algumas. Tema delicado, pouco estudado em Portugal, os abusos sexuais de crianças na Igreja tomaram uma visibilidade inédita com o Estudo. Havendo vias de comunicação abertas, seguras, independentes para «falar disso», aparecem testemunhos consistentes que são passíveis de tratamento científico. Os abusos sexuais de crianças na Igreja Católica portuguesa existiram no passado e existem ainda no presente. Portugal não é um caso à parte face a outros países. As 512 vítimas diretas põem-nos no encalço de, pelo menos, outras 4300 e, se pensarmos que os abusos aconteciam, na esmagadora maioria dos casos, muito mais do que uma vez sobre a mesma criança, levam-nos a muitos milhares de abusos praticados. Encontrámos, no tempo e no espaço, uma notável diversidade de contextos em que aqueles aconteceram. A Comissão captou a ponta de vários icebergs respeitantes a vertentes deste fenómeno, vividos em certos tempos históricos e lugares institucionais. Todas as modalidades de abuso descritas na atual Lei Penal foram encontradas na amostra, desde as menos invasivas às mais invasivas, embora estas acabassem por ser, relativamente a outras, predominantes. As modalidades do abuso não se distribuem estatisticamente ao acaso: dependem do tempo em que ocorreram, de lugares/espaços, 20 de perfis de vítimas e de suas famílias, de perfis de pessoas abusadoras, no caso esmagadoramente padres, e pertencentes a franjas etárias distintas. Num tratamento estatístico mais sofisticado, propusemos uma cartografia dos abusos. Algumas daquelas pessoas abusadoras referenciadas ainda permanecem em atividade eclesiástica. Em alguns contextos, os abusos tiveram carácter sistémico, isto é, ancoravam-se na estrutura de funcionamento de certas instituições da própria Igreja. Uma atitude clericalista, a ignorância ou a desvalorização dos direitos da criança, o fechamento aos olhares de fora, tudo ditou a perpetuação dos abusos e reforçou o silenciamento das vítimas. O carácter sistémico dos abusos não pode, porém, generalizar-se a toda a Igreja, pois diz respeito a uma minoria percentual da totalidade dos seus membros. Sistémica foi a ocultação desde logo ditada pelos próprios, bem como dos superiormente colocados na hierarquia que deles tiveram conhecimento. O trabalho dos meios de comunicação social para a divulgação do apelo a «dar voz ao silêncio», bem como algum jornalismo de investigação revelaram-se fundamentais para a adesão de pessoas vítimas ao Estudo. A visibilidade mediática crescente que o tema foi adquirindo ao longo dos meses contribuiu também, de certa maneira, para a correspondente tomada de consciência por parte de muitos bispos e outros membros da Igreja que, no início dos trabalhos da Comissão, pareciam mostrar- -se ainda alheados e distantes do problema." 

in Dar voz ao silêncio - Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica Portuguesa - Relatório Final - Sumário Executivo - Lisboa, Fevereiro 2023

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