Platão (427-347 a.C.) foi um filósofo grego da antiguidade, considerado um dos principais pensadores da história da filosofia. Era discípulo do filósofo Sócrates. Atenas atravessava um período de decadência, tinha decorrido a Guerra do Peloponeso, assistia-se a uma hecatombe do sistema democrático de governar.
Aristocrata, ele pertencia a uma das mais nobres famílias de Atenas, tendo recebido uma primorosa educação. Chegou a participar nos Jogos Olímpicos.
Platão deveria ter-se dedicado à vida pública e enveredar pela política.
Sócrates, de quem era o mais virtuoso e dedicado discípulo foi condenado à morte sob a acusação de “perverter a juventude”. Platão, revoltado, abandonou quaisquer ideias de exercício da política e passou a dedicar-se inteiramente à filosofia.
Regressou a Atenas, depois de um longo exílio de 12 anos - a amizade com Sócrates colocara-o numa perigosa fragilidade - com a idade de 40 anos, tendo então edificado a "Academia", onde se reuniam mestres e discípulos que aí estudavam as temáticas relacionadas com os problemas do mundo e do homem.
Como funcionava a democracia ateniense?
- Os cidadãos governavam a Pólis. Todos os cidadãos participavam nas decisões que respeitavam à vida pública de Atenas
- Os cidadãos atenienses reuniam-se na Ágora, em sessões de 9 em 9 dias
- Atenas era provavelmente a maior cidade do mundo conhecido e a sua população estimava-se em cerca de 160.000 habitantes. Os cidadãos eram cerca de 15.000
- Não eram cidadãos a grande maioria da população entre as quais as mulheres, os estrangeiros e os escravos
- A frequência na Ágora por parte dos cidadãos não era obrigatória. Em reuniões importantes podiam participar à volta de 1.500 cidadãos, existindo relatos de reuniões onde o número de participantes rondariam as duas centenas
- Todo o tema levado à Ágora era discutido e a decisão não havendo consenso era obtida pela parte que tivesse o maior número de aderentes
- Temas privados levados à Ágora tornavam-se assuntos de ordem pública
- A figura central da reunião na Ágora era o mediador que era eleito por sorteio e necessariamente ocupava esse cargo em poucas sessões, sendo substituído, pelo que a rotatividade era a norma, o que se entende dado o horror que tinham os atenienses a tudo que pudesse parecer-se com tirania, perpetuação do poder
- O sorteio - ao contrário de eleições ou concursos públicos - garantia a participação em igualdade a todos os cidadãos. Qualquer um podia ser mediador. Não havia qualquer avaliação de mérito ou escolha
- O tema mais discutido na Ágora foi a vida privada dos atores das tragédias e comédias
- O segundo tema mais discutido na Ágora foi a composição da delegação ateniense para os Jogos Olímpicos
- A votação para decidir o assunto em discussão na Ágora dependia das intervenções de todos os cidadãos que expusessem as suas opiniões mas, em bom rigor, dos cidadãos com maior capacidade de argumentar, e desse modo, persuadir os cidadãos presentes
- Os cidadãos que dominavam os assuntos que eram levados ao espaço Ágora, eram os sofistas, cidadãos estudiosos da retórica e hábeis na capacidade de persuadir, de convencer os demais cidadãos
- Os dois mais influentes sofistas de Atenas foram Górgias e Protágoras
- As maiorias que hoje decidem nas modernas "Ágoras" terão, por via de regra, uma razão indiscutível e as suas decisões são tomadas, verdadeiramente, em defesa do interesse público?
- Os deputados que representam o povo de uma nação, ou região ou cidade são eleitos tendo em conta as suas capacidades, ideias e princípios, ou são escolha por interesse de uns poucos, sem a exigência de quaisquer requisitos que não a fidelidade ao interesse e aos seus líderes?
- Existirão ainda nos nossos dias gente, entre os políticos, como os sofistas que se impõem através de discursos persuasivos para a manutenção do poder e de satisfação de interesses pessoais, como o enriquecimento e a vaidade?
- O interesse público ainda é uma missão para as classes políticas nas democracias atuais?
- Porque as tiranias a que os gregos tinham horror crescem, hoje, paulatinamente, ameaçando os sistemas democráticos?
- Os tiranos mostram-se mais aptos à governação, ou os eleitos democraticamente afiguram-se inaptos ao exercício do poder de modo a garantir uma vida digna aos cidadãos?
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