terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

PORTUGAL É UM VAZIO DE IDEIAS E GANHA EM INÉPCIA


Dizem uns doutos em economia que Portugal vai bem. Confesso que estou cético. Crítico mesmo. E provavelmente devo pertencer àquela gente despudorada que diz mal de tudo e de todos. Insatisfeito. Irreverente. Um pouco de tudo o mais.

Ao que consta o crescimento este ano que findou foi memorável. O governo brilha como um sol doirado. Mas, também não deixa de ser verdade que desde a epidemia de covid Portugal foi dos países que menos cresceu. Nisso o governo desinformado, entende-se, nada diz. Ficaria envolta a nossa imagem em forte neblina que taparia cruelmente esse tal sol que nos envaidece na felicidade tacanha da nossa pequenez.

Mas, em bom rigor, de olharmos o país real, onde poderemos de modo sério rejubilar de alegrias? 

A saúde nunca esteve tão ruim desde que me conheço. Grande parte da população não tem médico de família. Faltam médicos, enfermeiros, psicólogos, anestesistas, especialistas e mais um ror de gente que deveria cuidar da saúde dos portugueses. As listas de espera para cirurgias são escandalosas, há rastreios que se não fazem, juntas médicas atrasadas anos e anos, urgências que fechando não acodem os doentes urgentes e parturientes que vão fazer o seu parto, um pouco à sorte, onde depois se verá. 

A educação anda nas ruas da amargura. Professores nas ruas a lutar por uma profissão digna que os sucessivos governos teimam em avacalhar. A qualidade do ensino é fraquinha, a exigência é pouca e beliscar o sucesso escolar com passagens de ano praticamente obrigatórias é um sacrilégio. Sussurra-se que nos estabelecimentos privados é rotina elevar as notas aos alunos provocando um atropelo (entre imensos atropelos que se assiste em Portugal) à igualdade de oportunidades que a lei maior deveria proteger. Os alunos do superior não sabem escrever, a cultura geral é baixa e as noções em termos de ética e moral desprezados. E, anunciamos aos quatro ventos que temos a geração mais bem preparada de sempre. Falácias.

A ideia de justiça é ensombrada à abertura de cada telejornal. Muitos poderosos escapam às teias da justiça sem qualquer temor. Para eles os processos parecem não ter fim. Como explicar que a justiça funciona quando José Sócrates e Ricardo Salgado andam às contas com a justiça há imensos anos e sem qualquer fim à vista. Como falar em justiça se a ela só podem recorrer ricos e insolventes? Os tribunais parecem não dar resposta, os magistrados parecem enovelados em processos e mais processos sem se soltarem. Não há funcionários de justiça, nem guardas prisionais, nem prisões...

A administração interna navega entre polícias e guardas que relativamente novos ficam na reserva, enquanto as secretarias mantêm a presença de civis, e nas ruas é notória a falta de elementos. A criminalidade aumenta. Fomos o terceiro país do mundo mais seguro, hoje, apesar de tentarem nos convencer que tudo vai bem, as pessoas percebem que andar na rua é mais perigoso e que o número de gangues aumenta sem qualquer controle. Os estrangeiros pululam pelas cidades e vilas do país em condições da mais absoluta indignidade, muitos sem nada para fazer, aproveitando uma permissividade quase acintosa dos poderes públicos, que tornaram Portugal um país das facilidades para a imigração.

A economia vai bem. Mas as pessoas estão cada dia mais pobres, aumenta o fosso entre os ricos e os pobres e o número de bilionários não deixa de crescer. Os pensionistas arrastam-se depois de uma vida de trabalho perdendo realmente o poder de compra de ano para ano. Despudoradamente este ano o governo discriminou os pensionistas não lhes atribuindo o apoio adicional que estendeu aos cidadãos em geral e seus filhos. Ao contrário, adiantou-lhes uma quantia que agora descontam cada mês, mas mantendo imoralmente um valor de pensão a que foi "roubado" esse adicional. O poder de compra dos portugueses diminui de mês para mês. Os salários aumentaram abaixo da inflação o que determina que os portugueses continuam a ganhar cada vez menos.

Não há casas para os portugueses. Gente jovem vê-se na impossibilidade real de comprar ou arrendar casa. Os preços são absurdamente escandalosos e não se vislumbra uma solução. Como antes de Abril voltamos s ver casais a viver em quartos e muitos portugueses vivem em habitações degradadas e de verdadeiro risco. Os estrangeiros chegam, olha, compram. Os trabalhadores nómadas chegam, escolhem e alugam os seus apartamentos. Os estudantes chegam às cidades onde devem estudar e não há alojamento. 

Não se conhece uma ideia da parte do governo para resolver os problemas da saúde, da educação, da justiça, e dos demais sectores da vida nacional. Chama-se isto governar ao sabor do vento, tapando buracos quando chega uma ou outra borrasca, pondo ocasionalmente aqui e destapando ali, calando um protesto ou simplesmente assobiando para o lado que o rei vai nu,

A oposição, se verdadeiramente existe, também não apresenta uma ideia, não anuncia alternativas há falta de política do governo. Continuamos em Portugal a querer alcançar a governação não por mérito, por ideias e novas soluções, por capacidade, por trabalho feito, não, continuamos a acreditar que a chegada ao poder decorre serenamente do desgaste daqueles que o detêm. Rio acreditou, e andou a jogar com situações que devia clarificar e deixou envoltas em incertezas. Novo líder e novas incertezas. O governo tem, infelizmente, motivos para acreditar que a oeste nada de novo. Que o sol vai continuar a luzir apesar do frio que vai gelando tantos neste inverno do nosso descontentamento.



 

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