"O homem razoável adapta-se ao mundo. O insensato insiste em adaptar o mundo a si mesmo. Portanto, todo o progresso depende do homem insensato"
George Bernard Shaw
A coragem, o amor que existe em nós, o direito, a vontade de criar, permitem a ideia de construção de um mundo em liberdade e uma vida feliz numa terra sã e maravilhosa.
"O homem razoável adapta-se ao mundo. O insensato insiste em adaptar o mundo a si mesmo. Portanto, todo o progresso depende do homem insensato"
George Bernard Shaw
OS 4 CAVALEIROS DO APOCALIPSE QUE APAVORAM AS PESSOAS E O MUNDO:
Desde os primórdios coube aos mais poderosos o direito de levar o castigo aos mais fracos até ao seu extermínio. Em tempos remotos, (crê-se, embora alguns ainda sustentam que essas atrocidades continuam a existir), o mais forte dizimava povos, destruía povoados e matava os mais fracos.
Um género de humanismo que se apiedava dos corpos inertes e sem valia, ou percebia que mais rentável é um corpo vivo que um sem vida, veio iluminar esses seres embrutecidos que num jeito se santa evolução deixaram de matar os vencidos. A vida ganhava valor.
Foi dado um dos grandes pulos na história da civilização, tendo-se abandonado, como regra geral, a mortandade e em seu lugar se criou a escravatura. Não se matará mais o vencido, o mais fraco, mas passou-se a fazer do derrotado uma simples coisa, para satisfação, entretenimento e exploração ao serviço do amo, sem quaisquer direitos, sem reconhecimentos.
O papado e os reis, nobrezas, igrejas e mosteiros, burguesias e povos conviviam harmonicamente com esses seres que trabalhavam até caírem de exaustão. Até à morte. Eram animais sem alma que serviam os honrados e nobres filhos de Deus. Seres que sofriam os maiores atropelos e horrendos castigos até à morte por vontade de quem é dono, e desse jeito tem, uma grado mandato, para açoitar, espezinhar, martirizar e assassinar. As consciências, sempre elas, o tal de caridoso que tem o homem com o seu semelhante, as ideias novas, as novidades filosóficas e religiosas lá vieram, num curso de tempo apreciável e não sem guerras e tumultos, acabar com a escravatura.
A escravatura teria de ser substituída por uma outra coisa, mais digna, mais próxima do homem, mais consentânea com a nossa semelhança com Deus por via de Seu filho feito exatamente homem, Jesus Cristo. Mas coisa essa que permitisse a continuação de servir aqueles que dominavam sobre grandes extensões de territórios, manufaturas, cidades. E criaram o trabalho a troco de soldo, de sol a sol, sem condições, sem contrapartidas dignas, sem direitos, que apenas permitisse a ideia de sobrevivência.
As cidades e os campos atropelavam-se de maltrapilhos, fome e muitas doenças. Com a revolução industrial os trabalhadores soçobravam perante trabalhos esforçados, sem quaisquer cuidados nas condições de trabalho, horas sem fim a ritmos absolutamente desumanos. Crescia a burguesia. Apareciam os automóveis, os grandes industriais espalharam os seus poderem pelas sete partidas do mundo. Ao lado de gente sem saúde, sem alimentos, sem vestuário e calçado. Gente suja, feia, que se não confundia com o despertar das novas fortunas e das suas opulências.
A Igreja ajudava à festa, ela sempre pregou aos pobres e se sentou na mesa dos ricos. "Ganharás o teu pão com o suor do teu rosto". Dos púlpitos e nos bancos das escolas se ouvia elogiar a pobreza, a casinha modesta, a mulher que cuidava da casa, fazia a comida, cuidava dos filhos e via partir todas as manhãs o homem para as minas e para as fábricas.
Com o tempo e a insatisfação levantavam-se tumultos e descontentamentos por todo o lado. Havia uma agitação social generalizada. Os industriais mantinham a ideia de pulso forte, latos ritmos de produção, baixos salários poucas ou nenhumas condições de trabalho. Com as lutas sociais, protestos e greves encontraram de novo a caridade de mão dada ao humanismo, e com tanta boa vontade, a conta gotas, e em resposta a tantas lutas se reduziram os horários de trabalho, se melhoraram as condições de trabalho nas fábricas, se vieram a dar outras compensações como as férias, semana de seis dias, férias, direito a pensões.
A bem de muitos poucos que têm quase tudo o que o mundo tem, criaram o estado social. Ou seja instituíram que aqueles que para sobreviverem têm de trabalhar, devem ter contrapartidas mais justas, melhores condições de vida, direitos a educação e saúde, de votar para eleger podendo ser eleitos. As mais avançadas são as democracias liberais. Grande parte do mundo ainda vive a anos luz desta vida que alguns povos têm. E foi-se democratizando quase tudo, mantendo, em bom rigor, aquelas elites que sempre houve, fechadas nos seus exclusivos ambientes, onde têm colégios para os filhos, empreendimentos turísticos de luxo para apenas alguns onde se gasta numa semana um que um salário médio não ganha num ano, se apropriando de praias que eram de todos para se tornarem reserva de bilionários. Quase todos podem ter uma casa e um carro, desde que sejam acessíveis. Porque há casas em condomínios fechados, e carros a preços proibitivos. Ainda uns continuam a trabalhar, para que tudo isto pareça uma exemplar sociedade de gente livre, com direitos e de iguais.
Um dia o trabalho vai acabar, se não acabar a terra antes dele, nos moldes em que o conhecemos, com essa carga hedionda que é a hierarquia, os horários e a penosidade. Um dia se utilizarmos bem a inteligência artificial a grande maioria das profissões deixam de fazer sentido. A robótica vai realizar todos os trabalhos pesados, sem falhas e sem riscos. A digitalização vai responder a imensas necessidades de agora e outras que hão-de vir.
Será que o tal humanismo que sempre parece vir em defesa do homem cuidará de toda essa gente sem trabalho? Será que esses bilionários que detêm a maior parte da riqueza da terra vão abrir mão desse domínio e desse poder? Será que esses seres não terão os seus escravos tecnológicos privativos? Que lhes dão banho, cuidam da saúde, da alimentação, e lhes facultarão objetos de luxo e utensílios de diversão?
Haverá oportunidades para o homem se ocupar de acordo com as suas capacidades e seus desejos. E muitos, se ainda existir essa ferramenta que certamente substituirá o salário, vão ter condições para ter casa para morar, ter museus para visitar, lojas para se apetrechar das coisas que lhe fazem falta, para viajar, tirar fotografias, praticar aventuras e desportos, fazer voluntariado, estudar ou fazer investigação?
Necessariamente a inteligência humana, que há milénios se tem mostrado incapaz de resolver os maiores problemas da terra e dos homens, terá que mudar o foco, racionalizar mais que se embrenhar por fúteis e vãs vaidades. Disse há mais de um século esse meio aloucado filósofo alemão, Nietzsche, que o homem precisava ser reinventado. Essa verdade é absoluta e intemporal. Ele foi um louco sábio. Os sábios não loucos, que tantas vezes tivemos de seguir e captaram o nosso aplauso foram enterrando o mundo e empurrando a nossa existência para a beira de um abismo que, em bom rigor, tenho dúvidas estejamos em condições de ultrapassar. Os loucos, precisam-se, precisamos de um homem renovado, despoluído, solto de amarras e conceitos que nos emparedaram por milénios. Essa racionalidade que sempre existe na loucura imponha-se, pois, livremente, e se espalhe pela terra.
Eu fiz queixa na PJ e, no dia seguinte, encaminhei a queixa para a entidade reguladora da saúde e a ordem dos médicos. Depois foi a própria ordem dos médicos que encaminhou também para o IGAS, para a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde.
E, depois, no dia seguinte, que foi o dia a seguir a encaminhar a queixa, eu fui trabalhar e falei com o conselho de administração, com o diretor do internato, e diretor clínico, que inicialmente tiveram todos uma abordagem de choque, de não perceberem porque é que eu não fiz uma queixa interna. Eu não a fiz precisamente porque já sabia que não ia dar em nada.
(DA ENTREVISTA DE GOUXA A DIANA PEREIRA, TVI)
Trabalhei quarenta anos em instituições do SNS. Percebi enquanto funcionário e como utente do SNS que raramente as reclamações no Livro Amarelo produziam algum efeito. Sempre ouvi falar de médicos "horribilis" que desgraçaram muitos que ingenuamente e por falta de conhecimento se entregaram nas suas mãos. As queixas eram muitas. E não seriam exatamente as que deveriam ser por três motivos fundamentais, o conhecimento generalizado da inutilidade de apresentar queixa, a aceitação das más práticas por desinformação sobre as mesmas e o medo que os médicos ainda colocam sobre os cidadãos.
Acredito que os portugueses mereciam melhor. Deviam ser mais exigentes. deveriam ter uma entidade que séria e eficazmente atendesse as queixas protegendo os que as emitiam.
A jeito de opinião, será que ultrapassa os preceitos constitucionais pensar em colocar câmaras de vigilância nos hospitais? Nos Estados Unidos, há algum tempo atrás, percebeu-se que uma utente morreu de noite no internamento sem que as enfermeiras de serviço tivessem ocorrido a prestar socorro quando o mesmo foi solicitado. A dita câmara esclareceu a verdade e foram tomados os procedimentos que a situação exigia. Para bens dos doentes. Que fiscalização temos em Portugal que defenda eficazmente os doentes dos atos médicos e outros que lhes são prestados no SNS.
Obviamente as Ordens profissionais não têm qualquer interesse em que se tomem medidas deste tipo. Vão considerar um atentado à dignidade dos seus membros, uma fiscalização inaceitável a pessoas acima das pessoas normais. Cairá como se diz vulgo, o Carmo e a Trindade. Pois o senhores doutores são dos poucos profissionais da administração pública isentos de avaliação anual. Porque? Do que têm receio?
A Ordem dos Médicos trata primacialmente dos interesses dos médicos. Quando os casos ultrapassam a linha vermelha que eles próprios estabelecem, aparecem as sanções. Mas a grande maioria dos casos têm na mesma Ordem e naqueles que nela desempenham funções inspetivas, uma tolerância, que um rol de justificativas técnicas virá sustentar. Só depois de acautelar os interesses dos seus membros o SNS ganha importância e depois desta, e no final da linha estarão os cidadãos.
Faz muito tempo que alimentava a ideia que as Ordens profissionais possuem poderes poderosos demais, que exercido entre colegas, acabava por, naturalmente, beneficiar os seus membros. Num Portugal democrático há que limitar, com inteligência e bom senso, o papel que as Ordens profissionais têm no papel que os seus membros exercem na sociedade portuguesa.
Por outro lado a simples existência das Ordens profissionais parece, como as vemos no nosso país, organizações elitistas de um grupo restrito de profissões, a que outras ambicionam conseguir chegar, sendo certo que democraticamente todas e quaisquer profissões deveriam poder ter as suas Ordens. Como entidades de ligação entre os seus membros, de acompanhamento das suas atividades, desenrolar atividades formativas, dar pareceres técnicos, e outros. Dar às Ordens plenos poderes como se tem revelado é um absurdo.
Temo, todavia, que nas alterações aos estatutos das Ordens que agora se levam a cabo, se possa assistir a um radicalismo tão natural no nosso país. Onde raramente se faz alguma coisa elaborada com rigor e capacidade de resistir no tempo, e quando se faz, muitas vezes tarde e a más horas, e tardiamente, não é bem feita.
A bem dos doentes, a bem do SNS e a bem de Portugal
Depois, basicamente porque os cidadãos não se revêm com os governos e com os parlamentares, porque os cidadãos percebem que a justiça nem sempre é cega e trata uns de maneira diferente que outros, saltam aqui e ali, cada vez mais e mais fortes populismos, radicalismos de todo o tipo, de esquerda e de direita, de características aceitáveis ou duvidosas no que respeita ao primado das leis e do direito.
Depois, em boa verdade, a classe política vive afastada e alheada do vida dos cidadãos. Os políticos profissionalizam-se. Tornam-se senhores e mostram-se, muitas vezes, acima do vulgo. Os maiores e principais problemas que assolam os cidadãos não são resolvidos ou são mesmo desprezados. A arte da política não está na boa governação, na resolução dos problemas, em reformas tendo em conta edificar um futuro mais próspero, mas na manutenção do poder. Seja a que preço for. E para isso se apropria a administração pública, o aparelho do estado e as demais instituições.
Tais comportamentos não são compatíveis com a ideia de democracia. É, sem qualquer dúvida uma partidocracia, tirânica, ou melhor expressa, a tirania dos partidos.
Que os maus encontram no mundo de hoje campo aberto às mais absurdas e abjetas tropelias prejudicando impunemente o seu semelhante, países e até a terra, percebe-se. Lamentavelmente basta olhar o mundo, e nem precisamos de lentes ou quaisquer instrumentos de observação. Basta abrir os olhos e ver.
Em relação à esperança, ela, desde a famosa caixa de Pandora que a mitologia grega nos trouxe, é a última a morrer. E é desse jeito mesmo, acredito. Enquanto há vida há esperança. Portanto os melhores não perderam a esperança, apenas, vendo como vinga a maldade e os maus são alvo de manifestações de apoio por todo o lado, recolheram ao seu mundo. Acredito que se recusam a aceitar que tudo está perdido, mas estão desapoiados, sem chão, sem forças, esquecidos e não ouvidos nem seguidos. Encostaram. Assistem. Mas acredito, nem que ingenuamente, esperam, sempre esperam, nem que seja por um milagre que nunca vai existir, mas continuarão a esperar que os canalhas não se tornem únicos senhores da terra e das vidas do homem.
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