terça-feira, 9 de outubro de 2018

BRINCAR COM A VIDA É DESAFIAR O FUTURO, AS LEIS UNIVERSAIS E O INCOMPREENSÍVEL


OPINIAO 

Os assassinos não pensam*

A partir do momento em que decidem matar, não conseguem pensar para além do crime. O day after para eles não existe. O foco no crime é tão forte que anula tudo o resto. 






HÁ três SEMANAS escrevi sobre um crime horrível: uma filha que matou a mãe adotiva com requintes de violência e depois deitou fogo ao cadáver. Nessa altura falei de um outro suposto crime - a morte de um triatleta que vivia em Cachoeira, Vila Franca de Xira - que continuava por desvendar.
Agora parece estar tudo esclarecido: foi a mulher que o matou com a ajuda do amante. E, ao que se diz, para ficarem com os seus bens e possivelmente com o seu seguro de vida.
 Estranhamente, este crime lembra outro: o de Maria das Dores, que encomendou a morte do marido, Paulo Pereira da Cruz, num prédio da avenida António Augusto de Aguiar. Também aí o homem foi brutalmente agredido com pancadas violentas no crânio. Também aí apareceu com um saco enfiado na cabeça. Também aí a mulher tinha um amante, o motorista, que terá colaborado no assassínio.




(...)
Isto só prova que os assassinos não pensam. Ou melhor, a partir do momento em que decidem matar, não conseguem pensar para além do crime. O day after para eles não existe. O foco no crime é tão forte, absorve-lhes de tal modo a mente, que anula tudo o resto. Não conseguem pensar em mais nada. O cérebro bloqueia-se-lhes. O que acontecerá depois não existe para eles. É uma zona branca.
(...)
MAS REPITO: os assassinos não pensam. Ficam cegos.
(...)

* José António Saraiva, Jornal SOL





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