quarta-feira, 21 de abril de 2010

Apostas a favor da falência de Portugal???... O mundo é um jogo, bem triste.




Dívida pública

Mercados duplicam apostas a favor da falência de Portugal
por Luís Reis Ribeiro, Publicado em 21 de Abril de 2010

Apostas contra a dívida portuguesa valem 45 mil milhões de euros. Valor subiu 105% em um ano

Em apenas um ano, os investidores internacionais duplicaram o valor das apostas a favor de uma falência de Portugal. Trata-se de o maior aumento num conjunto de dez países, sendo até superior ao da Grécia.

De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), ontem divulgados no relatório sobre a Estabilidade Financeira Global, o valor contratado em seguros de crédito (CDS) sobre a dívida pública portuguesa aumentou cerca de 105% até ao dia 5 de Fevereiro em apenas um ano, atingindo um total de 60,1 mil milhões de dólares (quase 45 mil milhões de euros a preços de ontem). Se o período considerado for de Outubro de 2009 a Fevereiro de 2010, então o valor contratado em CDS da dívida pública nacional quase quadruplica.

Na prática, estes CDS cobrem o risco de incumprimento ou mesmo de falência das nações. O problema (para os contribuintes portugueses, por exemplo) é que, em muitos casos, quanto maior o risco e quanto pior estiver o país, mais ganham os investidores em CDS (pois compram esses seguros baratos para os vender mais caros já o seu valor acompanha as taxas de juro). Assim, admitem vários especialistas, existem incentivos em agravar ou em aproveitar as avaliações negativas que se fazem das contas públicas e das respectivas situações económicas internas. Portugal e Grécia, devido aos seus problemas estruturais graves, como o excesso de endividamento do Estado, empresas e particulares acumulados ao longo dos últimos anos e agravados com a crise financeira, tornaram-se agora alvos fáceis dos operadores de mercado.

O resultado está à vista. Os grandes bancos internacionais admitem estar a lucrar bastante com operações nos mercados obrigacionistas (ver pág. 24 e 25) e até a Comissão Europeia aponta o dedo a estas instituições e aos fundos de investimento de alto risco (hedge funds) que acusa de serem co-responsáveis pelo agravamento dos spreads (prémios de risco da dívida pública, que agravam a taxa de juro cobrada por emprestar aos governos) e de, assim, colocarem os países mais perto do precipício Isto é, de uma situação de pré-falência. A Grécia já lá está. Portugal ainda não, mas não tem sido poupado na praça pública internacional - já se diz que o país é "o próximo problema global".

No documento ontem divulgado, o FMI analisa os efeitos desta turbulência nas dívidas públicas de dez países do euro (e na zona euro como um todo) e percebe-se que, nesta fase da crise, Portugal e Grécia são os que mais podem contribuir para um cenário de "perigo total" sobre a estabilidade do euro. A instabilidade da dívida de Portugal é a segunda mais alta a seguir à da Grécia, sendo que os mais prejudicados são a Áustria e logo a seguir a Holanda e Espanha.

De forma inversa, a dívida soberana que mais pode prejudicar Portugal é a grega e a espanhola.

O FMI analisa o papel dos CDS e das actividades de cobertura de risco e questiona se estas podem ser consideradas especulação ou não. O documento é inconclusivo: por um lado, o Fundo admite (tal como Bruxelas) que os mercados de produtos derivados podem contribuir para o descarrilamento das dívidas públicas, sobretudo as dos países mais debilitados; por outros, recusa fechar esses mercados: pede antes uma maior "transparência".

ver http://www.ionline.pt/conteudo/56159-mercados-duplicam-apostas-favor-da-falencia-portugal

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