sexta-feira, 3 de julho de 2020

SOBRE AS MINORIAS, O CHEGA E O SENHOR ANDRÉ


Infelizmente, este senhor André chega a ter muita razão. Os sucessivos governos, desde há muitos anos, fecham os olhos, escondem a cabeça na areia e todos nós, aqui e ali, hoje ou ontem assistimos a casos e situações que não deveriam existir. Simplesmente existem, toda agente sabe, toda a gente vê e viu, mas finge-se, cala-se, ignora-se. Ninguém faz nada.

"Na terra do bom viver faz o que vires fazer". Deveria ser esse o mote, e se não fizeres o mesmo que os outros deverás escolher outro lugar para fazeres exactamente o que te dá na gana. Isso é o teu direito e a tua liberdade. A liberdade e os direitos de todos têm outra amplitude e já não são bem assim.

Uma nação não se faz nem se desenvolve a fechar os olhos, a fingir que não vê, que não sabe, que não sente. Uma nação não segue uma história, um caminho, uma tradição, embrulhada em buracos de excepções como se fosse um queijo suiço. Uma nação tem de um modo geral uma certa ideia de unidade, onde a diversidade e a diferença existem, devem mesmo existir, mas sem que se coloque em causa o todo.

A culpa não é das pessoas que não seguem a vida em sociedade não respeitando ou seguindo as regras socialmente aceites. As leis, que no seu pressuposto são gerais e abstractas, para todos, deveriam ser respeitadas e seguidas por todos. As pessoas acabam por fazer tudo o que a indiferença lhes permite. Quando isentas de pena e castigo as normas simplesmente perdem força, eficácia. E há pessoas que aproveitam o seu estado de excepção. Que são incentivadas a explorar e potenciar essa mesma excepção.

Os outros, que são a grande maioria, são ensinados pela experiência de vida a calar. Come e cala, não tem jeito, é assim e pronto. Os outros acabam não querendo ver. É melhor não ver. Outros têm medo de ver. Têm medo, vendo ou não.

E há grupos na política portuguesa que vivem, se alimentam, se norteiam não procurando integrar todos numa sociedade ampla e plena, mas justificando e atribuindo direitos excepcionais a quem não quer ou não sabe estar com todos os demais. Para eles e suas estratégias modernas e esclarecidas as minorias, pelo simples facto de o serem, conquistaram o direito de se colocar acima das maiorias.

Tudo isto pode parecer a subversão da democracia. Mas é política, é o facilitismo disfarçado em tolerância, em amor, em cuidar, mas é mais o deixa andar, que traz simpatias e que depois dá votos.

Um dia todos estes erros poderão ser pagos caros demais. O senhor André Ventura tem razão, "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". E, naturalmente, toda a paciência tem limites, virá o dia do chega, do basta. Com Chega ou sem ele. Com o senhor André ou sem ele.

A indiferença dos políticos e a falta de autoridade do estado e das leis levarão inevitavelmente a um colapso deste sombrio paradigma. Nas democracias quando as pessoas se cansam elas cuidam de encontrar processos legais de mudar o rumo. Podem não ser esclarecidas, podem nem sequer ter razão, mas quando se fartam de uma coisa vão apoiar outra.

Ficai pois, gente que tendes responsabilidade no rumo deste país, atentos e cuidai. "Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém". Reflecti e tomai decisões sábias e responsáveis, evitando males piores. Enquanto podeis e é tempo...

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