terça-feira, 23 de novembro de 2010

Que desgraça franciscana

Escrevi neste blog, há alguns meses, que o pior revelar-se-ia depois da dita crise. Depois dela, quando fosse apregoado com pompa e circunstancia o fim do flagelo, seria o momento em que verdadeiramente, nos iriamos debater com as maiores adversidades. Infelizmente não me enganei. Terminou a crise e um país em marcha cheio de pujança e de resultados era revelado nas palavras empenhadas e esclarecidas de um primeiro ministro que não perdia oportunidade de espalhar sucessos, dados inebriantes, resultados fantásticos. Tudo parecia seguir de vento em popa. Às entusiasticas intervenções do primeiro ministro, toda uma nação parecia adormecida, preguiçosa de pensar, de ver, numa letargia de sucesso fácil e de um caminho coroado de êxitos. A era pós-crise parecia ter caído defenitivamente no esquecimento, Portugal mais uma vez dava lições ao mundo, com tudo certinho e organizado, com números de causar invejas, saía da crise internacional antes dos demais, notabilizava-se vencedora e pujante.

Hoje, alguns tempos passados depois dessa primavera de quimeras e delírios, parece que nem o Governo, nem o Presidente, nem ninguém que milagrosamente traga em si o cunho do saber e da competência, mostram capacidades para evitar a tragédia do FMI nos vir, casa dentro impor regras e sacrificios, face a um país ingovernável, falido, e sem futuro.

Portugal volta a ser o que sempre foi, um país sem rei nem rock, de incompetentes, de fala baratos, onde a corrupção e o compadrio, o facilitismo e a cunha, tudo acabam por inquinar. O futuro, que agora, já ninguém consegue ocultar, mostra-se sombrio. O défice é um monstro, a dívida pública uma enormidade, o desiquilibrio das contas uma realidade incomensurável. Ninguém acredita na nossa capacidade para cumprir com as nossas responsabilidades e os nossos credores fazem subir todos os dias o preço do dinheiro, na proporção da sua desconfiança em nós.
O governo quase se não vê, nem se sente, o presidente anda entusiasmado pelo país em campanha eleitoral, seguro que dos seus avisos em devido tempo se terá salvado o país, as instituições fazem que andam, a justiça praticamente não existe, e se funciona, é por acaso e só em casos de pés rapados, e de gente sem poder e influência, a educação perde qualidade num facilitismo criminoso onde se pretende garantir, não o conhecimento e o saber, mas o sucesso a todo o custo, a saúde está cada dia mais distante dos que dela necessitam. O desemprego atingiu um número record e muitos portugueses voltam, como antigamente a abandonar o solo pátrio como forma de garantir o mínimo de subsistencia. Existe fome, gente sem abrigo, doentes que não se podem tratar, muito desânimo e imensa pobreza.

Tudo isto ocorreu, como eu disse aqui há alguns meses atrás, depois da crise e quando o país caminhava paulatinamente, segundo gente irresponsavel que nos tem governado, para o sucesso.
É este o nosso país, infelizmente...

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